
A auditoria federal nas maternidades públicas de Goiânia, conduzida pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), entra em uma fase decisiva nesta quarta-feira (29) com uma reunião oficial entre o diretor do órgão, Rafael Bruxellas, e o secretário municipal de Saúde, Luiz Gaspar Machado Pellizzer. O encontro é considerado ponto central da apuração técnica que investiga a aplicação dos recursos públicos destinados à atenção materno-infantil no município.
A reunião, que será seguida por coletiva de imprensa, representa a etapa de escuta e confrontação de dados com a gestão municipal, após dois dias de vistorias nas principais maternidades administradas pela Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), Maternidade Célia Câmara, Dona Íris e Nascer Cidadão.
“Mesmo antes da conclusão do relatório, o processo de auditoria já está gerando efeitos. Unidades que estavam paradas começaram a se movimentar. Nossa missão é garantir que os recursos públicos estejam sendo usados corretamente e que o direito à saúde de mulheres e crianças seja respeitado em Goiânia”, afirmou Bruxellas.
Denúncia e cenário crítico nas maternidades
A auditoria foi iniciada após denúncia formal da vereadora Aava Santiago (PSDB) ao Ministério da Saúde, que apontou uma série de cortes orçamentários, desestruturação e falta de planejamento na rede materno-infantil da capital. Segundo ela, a Fundahc sofreu redução de cerca de 40% nos repasses municipais desde dezembro, sem justificativa técnica ou plano de reorganização da rede.
Na Maternidade Célia Câmara, os auditores identificaram uma ala inteira desativada mesmo com estrutura e equipamentos disponíveis. “A unidade está operando com metade da capacidade. Não houve nenhuma explicação técnica por parte da Prefeitura para esse corte”, relatou Aava.
Na Dona Íris, um dos principais centros de referência para gestantes em Goiás, os problemas são igualmente graves: corredores interditados por infiltrações, equipamentos parados por falta de manutenção e até cardápio reduzido para puérperas, por ausência de verba. Além disso, entre 500 e 700 cirurgias eletivas estão represadas há meses.
A Maternidade Nascer Cidadão, visitada na terça-feira (28), também enfrenta dificuldades estruturais e orçamentárias, segundo constatado pelos auditores.
Próximos passos da auditoria
O Denasus segue um processo em três fases: definição do escopo, coleta de dados e escuta dos órgãos auditados, seguido da elaboração do relatório técnico. Ainda não há data para a conclusão do documento, mas a expectativa é que os resultados sirvam de base para reestruturações na rede e, caso sejam encontradas irregularidades, haja responsabilização e possível devolução de recursos federais.
“É uma auditoria técnica, isenta e urgente. A situação que encontramos nas maternidades é crítica, com risco real à vida de mulheres e bebês. A Prefeitura precisa apresentar respostas concretas, e a reunião de hoje será essencial para isso”, reforçou Aava Santiago.
A coletiva de imprensa com Rafael Bruxellas acontecerá logo após a reunião com o secretário municipal de Saúde, e deve apresentar um balanço preliminar da auditoria e apontar os próximos passos da investigação.
O post Denasus se reúne com gestão municipal após encontrar falhas graves em maternidades de Goiânia foi publicado primeiro em Diário de Goiás.